segunda-feira, 19 de abril de 2010

Bookstore - Sebastião Salgado, Um incerto estado de graça - 35€ - VENDIDO



  • Autor(es): Sebastião Salgado
  • Editora: Editorial Caminho

Esta frase, assim descontextualizada, de Eduardo Galeano, podia ser o título deste livro. Sebastião Salgado, um fotógrafo de intervenção como muita gente lhe chama, apresenta aqui fotografias tiradas entre 1974 e 1989 e feitas um pouco por todo o mundo, desde o Brasil a Portugal, passando por vários países da América Latina, Ásia, África, Europa, etc?
Com uma maqueta concebida por Lélia Wanick Salgado, a base do livro foi uma exposição feita no Museu de Arte Moderna de São Francisco, comissariada por Fred Ritchim, que assina uma parte dos textos. Ritchim que foi director fotográfico do New York Times, entre outros cargos que teve, empresta uma visão analítica, quase biográfica da obra de Salgado. Eduardo Galeano, escritor uruguaio, introduz a fotografia de Sebastião através de palavras que amparam as imagens ou as empurram, num diálogo em que cada código se mantém autónomo ? ?na minha fome, mando eu?, dizia o vendedor de mariscos andaluz, ?nas minhas palavras, mando eu?, diz Galeano, ?nas minhas fotografias, mando eu?, diz Salgado!
Mas o que dizem as fotografias de Sebastião Salgado? Por ventura a mim dizem uma coisa, a outros dirão outra! Direi eu o quê? Que a fotografia de Salgado é despojada, forte, punitiva. Pune quem a vê, se a quiser entender. Como diz Galeano, a miséria é uma mercadoria bem cotada no mercado. Mas Salgado não a vende ? atira-a aos nossos olhos e ela queima-nos, seja a miséria do Bangladesh, seja a da Serra Pelada, seja a do Sael! É uma miséria fervente, curiosamente não efervescente, antes serena e forte!
?Na minha fome, mando eu.? E este eu pertence à terra, ao lugar, é um eu tectónico. Sebastião Salgado fotografa pessoas, entes que pertencem ao seu lugar. E nesse lugar há uma comunhão entre as pessoas e a sua miséria. E tudo isso perpassa na fotografia, tudo isso se encontra neste livro.

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